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Este blog foi feito para a unidade curricular Tecnologias de Informação, em que eu escolhi fazer sobre a cidade onde resido de nome "Olhão". Espero que goste e se for possível que deixe a sua opinião sobre este trabalho. Obrigado! Cumprimentos, Adriana Neves. : )

quinta-feira, 24 de março de 2011

A viagem do caíque Bom Sucesso ao Brasil









( casa baeta em Olhão )

A viagem do caíque Bom Sucesso caracteriza-se por ter permitido ao príncipe regente tomar conhecimento, em primeira mão, das revoltas populares algarvias contra os franceses, em particular da do lugar de Olhão, uma vez que os tripulantes eram todos eles olhanenses. Não só foi o primeiro correio marítimo entre Portugal e o Brasil depois da primeira invasão francesa, como também foi o meio pelo qual o lugar de Olhão foi elevado a Vila de Olhão da Restauração.
Os caíques, presumivelmente sucessores das caravelas, eram embarcações velozes e de grande resistência cuja principal função era a pesca e encontravam-se distribuídos pela costa do Algarve, em Setúbal e em Lisboa. Tinham também funções de cabotagem, transportando mercadorias na costa Portuguesa e dentro do Mediterrâneo em vários portos até à Grécia, havendo mesmo registos de uma viagem a Odessa no Mar Negro para carregar cereal no séc. XIX.


Este artigo centra-se mais precisamente no caíque utilizado no Algarve, mais concretamente no da comunidade piscatória de Olhão, pois esta “simples” embarcação de pesca fez parte de um feito memorável na história de Portugal.


Foi por alturas das invasões Francesas que Olhão acabaria por se afirmar, deixando de ser apenas um Lugar piscatório. Em Outubro de 1807 as tropas de Napoleão iniciam a invasão de Portugal com o apoio Espanhol, passando a dominar o país de Norte a Sul. No Algarve, é em Faro que as tropas invasoras instalam o seu posto de comando.


É a 16 de Junho de 1808, à porta da Igreja Matriz de Olhão, onde o povo se havia reunido, que a tropa invasora afixando um edital convidando os Portugueses a fazerem causa comum contra Espanha, (sua anterior aliada e agora traidora) que o Coronel José Lopes de Sousa, rasgando o edital, grita ao povo em desafio por uma atitude. O povo solidarizando-se com ele, inicia a revolta contra os Franceses e nessa própria tarde se sabe em Faro dos acontecimentos de revolta em
Olhão.


Os Olhanenses apenas armados com algumas espadas velhas, espadins, umas poucas espingardas, forcados, fisgas e pedras, foram de encontro ao inimigo fazendo-lhes espera na ponte de Quelfes. Lá deu-se início ao combate que acabaria por derrotar os invasores da povoação.


Esta rebelião deu início a uma sequência de revoltas por todo o Algarve e pelo país fora. Muitas das populações de outras tantas localidades oprimidas, agora motivadas pela coragem Olhanense, seguiram o seu exemplo e em pouco tempo os Franceses foram forçados a retirar para o Norte.


A família Real Portuguesa encontrava-se nesta altura exilada no Brasil, fugida antes da chegada das tropas Francesas a Portugal. Foi então que em Olhão, pescadores desta terra impulsionados pelo acto de coragem das suas gentes e pela queda em geral dos Franceses, decidem rumar ao Brasil num caíque de nome “Bom Sucesso” para dar a boa nova ao Príncipe Regente Dom Pedro de que os invasores se encontravam em debandada e o Reino dos Algarves era livre. Estes pescadores, apenas habituados a navegação costeira, fizeram-se ao mar em Julho de 1808 guiando-se pelas estrelas, correntes e um par de mapas rudimentares  e após dois meses de viagem chegam ao Brasil a 22 de Setembro. Durante a viagem fizeram curta escala na Madeira e depois perdendo o rumo, acostaram no território inimigo da Guiana Francesa em Caienae e depois disso em Pernambuco, terminando no Rio de Janeiro.


Foram recebidos pelo Príncipe com todas as honras e a própria travessia do Atlântico acrescentou à revolta vitoriosa um novo episódio de audácia e de heroísmo Português. Tamanhos feitos valeram ao então apenas Lugar de Olhão a elevação à categoria de Vila agora com o nobre título de Vila de Olhão da Restauração.
Todo este episódio foi tão importante que passados muitos anos, há registo de em 1841 o caíque ser ainda visitado por inúmeras pessoas do Rio de Janeiro que ficavam admiradas com o pequeno tamanho da embarcação, atracada na Ilha das Cobras.

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